“Ah, não! Terminaram juntos?! Que porcaria de filme! E eu ainda paguei pra assistir isso...”. É fato, atualmente, filme com final feliz é sinônimo de ruindade. Filme para ser bom tem de morrer alguém no final, o casal precisa brigar e nunca mais se ver, a história é obrigatoriamente de trás para frente ou dividida em várias histórias paralelas.
É basicamente isso. Nada contra, mas por que ser contra finais felizes. Será que não pode haver um convívio pacífico entre estes formatos cinematográficos? Ou será que as pessoas estão tão descrentes que finais felizes se tornaram algo muito fantasioso. Acredito que a segunda opção seja mais provável. O pessimismo impera. Para essas pessoas filmes de relacionamentos felizes e profissionais bem-sucedidos só no gênero ficção.
Acho mesmo que essa rejeição a finais felizes tenha uma relação direta com a situação em que nos encontramos, na qual o final feliz é sair às sete do trabalho, ter recesso no ano novo, ou chegar no carro depois de uma festa e encontrar o vidro intacto e o som no lugar. Estamos realistas demais, acabou o sonho, a magia, coisa que no cinema pelo menos sempre tivemos.
Qual a beleza em perder a carteira e ter que ligar para todos os bancos cancelando os cartões e depois passar a enfrentar todas as filas e os atendentes super-prestativos e bem-humorados dos órgãos públicos responsáveis pela emissão da 2ª via dos documentos? A vida já tem seus problemas por si só. Por que não podemos sair um pouco dessa rotina maçante? Nem que seja por 107 minutos.
Quem sabe até estimula a gente a buscar uns finais mais felizes para nosso dia-a-dia também, como por exemplo não falar do que aconteceu “aquela vez” na hora de deixar a namorada em casa e iniciar uma discussão interminável que acaba por ganhar proporções gigantescas com uma escavação arqueológica por todas as palavras mal colocadas e ações transgressivas do decoro relacionamentista desde o primeiro encontro. O resultado são olhos inchados e com olheiras no dia seguinte de trabalho improdutivo.
Calças jeans foram feitas para usar acordado. Viva os finais felizes.
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