Estudo, um bom emprego, um lugar confortável para morar, carro, dinheiro para sair e se divertir, amigos, você tem tudo menos a felicidade.
Calma, isso não é mais um texto de auto-ajuda de como encontrar o caminho para a realização, mas sim um estímulo à reflexão. Pense aqui comigo: você tem tudo e mesmo assim reclama de que não está satisfeito, que não gosta do que faz, que não agüenta mais a sua situação. Em contrapartida, é recriminado com o discurso mais do que clichê de que você não deveria reclamar, porque tem gente passando fome, que não tem onde morar, não teve oportunidade de estudar e por aí vai.
Tudo bem, é fato que tem muita gente passando necessidade, que vive em situação precária, mas não é por isso que você deve se conformar com a sua condição e se sentir culpado por não estar satisfeito. Você deve se sentir mal, sim, é de ficar se lamentado ao invés de tomar uma atitude. Porque é esse o nosso artifício para nos consolar da falta de coragem para arriscar uma vida cômoda, previsível, por outra incerta, sem garantias, mas que vai eliminar a possibilidade de você um dia conjugar aquele tempo verbal que é a mais plena tradução do arrependimento: “eu deveria”.
Afinal, que histórias emocionantes você vai contar no churrasco de aniversário do seu filho? A vez em que a impressora travou bem na hora de entregar um trabalho e você num ato heróico, digno de um episódio do seriado Macgyver (que certamente nenhuma viva alma vai saber do que se trata), abriu a máquina e tirou o papel que estava entalado a tempo de o trabalho ser entregue no prazo?
Ninguém tem obrigação de ser feliz, mas tem obrigação de estar bem consigo mesmo. Você pode tentar se enganar de várias formas, fazer um curso de espanhol, entrar no ioga, programar aquela viagem para ter a expectativa de uma coisa boa. Só que você vai estar simplesmente adiando o problema. Até o tempo passar, e ele passa depressa, e ter a desculpa de que já é tarde.
Uma famosa história de amor persa diz que o nosso destino somos nós mesmos quem determinamos. Pense no que você já determinou até agora e se você está determinado a realizar aquilo que mora nos seus pensamentos naquele quartinho dos fundos do qual você trancou a porta e finge ter esquecido onde colocou as chaves.
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